sábado, 30 de maio de 2009

Rifa-se um coração


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconsequente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clarice Lispector

Bom seria se pudessemos mesmo rifar um coração teimoso , que insiste em amar e sofrer... Mas ele tem vontade própria... Não nos deixa saída...

Lygia

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Selinho Glamouroso


Depois de tratarmos de um assunto tão sério como a violência contra a criança, não podia deixar de trazer uma deliciosa birincadeira que recebi junto com um lindo selinho, da minha doce amiguinha Nayla Mony. Uma menina linda, que seguindo os passos da mãe, se interessa por muita coisa boa. Seu blog é uma delícia, literalmente, tem cada receita!!!! rsrsrs
Em meio a tanta dor sofrida pelas crianças citadas na blogagem dessa semana, temos aqui um exemplo oposto. Uma menina feliz, inteligente, e muito linda.
Obrigada Nayla! Continue nesse caminho. Você vai longe!

Bem, aí está...
São duas etapas de regras a serem cumpridas vamos a elas:
Primeira Etapa:

1- Listar cinco desejos de consumo que a deixariam mais glamourosa:
  • Uma tarde de compras no Shopping


  • Uma plástica aqui... neste pedacinho do corpo inteiro... rsrsrsrs


  • Sapatos.... muitos sapatos.


  • Brincos, anéis... Sou louca por isso!


  • Um cruzeiro às Ilhas Gregas...

2-Fazer uma lista com oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer:

  • Uma viagem ao "Fim do Mundo".


  • Rever o meu amor.


  • Ter mais um filho.


  • Ver mais justiça social no mundo.


  • Ver meus filhos realizados e felizes.


  • Rever alguns amigos queridos que não vejo há tempos.


  • Conhecer o Brasil e alguns lugares que acho interessantes no mundo.


  • Minha realização profissional.

Segunda etapa:


3-Deixar um comentario para quem a convidou.

4- Indicar 10 amigas glamourosas e avisá-las que foram escolhidas:

  • Ester : Esterança (http:/esterança.blogspot.com)

  • Marcela: Alimentos, Nutrição e Informação (http:/marcela-nutrição.blogspot.com)

  • Angel: Anjos sem Asas (http:/angel-acasos.blogspot.com)

  • Michelle: Carrossel da Aprendizagem (http:/carrosseldaaprendizagem.blogspot.com)

  • Tania: Blog da Desirre Poesias (http:/taniazotto.blogspot.com)

  • Ana: Pelos Caminhos da Vida (http:/anames.blogspot.com)

  • Naira: Quando Fala o Coração (http:/nairaribeiro.blogspot.com)

  • Elaine: Um Pouco de Mim (http:/elainegaspareto.blogspot.com)

  • Iva: Compondo o Olhar (http:/ivapacini.blogspot.com)

  • Ana: Além do Horizonte (http:/ana-guima.blogspot.com)

Meninas, falamos da infância triste.
Vamos incentivar a alegria, a disposição e a meiguice da linda Nayla... (http:/naylamony.blogspot.com)

Beijos a todas!

Lygia

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Abuso Sexual Infantil, o melhor caminho é a Prevenção...


Claro está, que se tem urgência em atitudes para a prevenção desse tipo de abuso. Ações já estão sendo efetivadas em algumas regiões, principalmente no Estado de São Paulo. Na cidade de São Carlos (SP) o trabalho de educar as crianças com esse fim vem sendo desenvolvido e copiado em outras regiões do estado. Nesse tipo de prevenção, as crianças são ensinadas a agir de forma a se proteger desde muito pequenas sem que seja necessário o uso da palavra “sexo”. Fazem um curso, em que são ensinadas a dizer não ao agressor e a sair rapidamente de uma situação de violência, contando o fato imediatamente a um adulto de sua confiança.
Ensina-se às crianças que há dois tipos de segredo. Um deles bom, como esconder uma festa de aniversário surpresa. Mas o segredo ruim, como alguém que faz algo que elas não gostem, esse, não podem guardar. Esse, elas têm de compartilhar com um adulto de confiança, alguém em casa ou uma professora. A outra forma de prevenção, é o Estado cumprir seu papel. As crianças que vivem em áreas sem lazer, por exemplo, são mais sujeitas a abusos sexuais principalmente quando esse fator é aliado falta de uma boa supervisão dos pais. O abuso pode ser prevenido pelo governo, pelo Estado, por exemplo, injetando dinheiro em programas de capacitação e conscientização, criando sociedades mais seguras que respeitem e protejam a criança e oferecendo lazer e lugares onde a criança possa ficar, algo como uma creche, com pessoas capacitadas.
Porém, essas formas de prevenção são insuficientes se a Justiça também não exercer o seu papel de punir o agressor. Não adianta fazermos um trabalho com o professor para que ele identifique a violência contra a criança se depois o sistema não fizer nada. Em São Carlos, até então, a impunidade era geral. O agressor sexual não era punido. E essa é uma mensagem complicada porque você está dizendo para a sociedade que esse delito não importa, que é uma coisa secundária a se preocupar. Por isso, defende-se que a criança vítima de abuso sexual possa contar à Justiça o seu caso e apontar o agressor, proposta que recebeu o nome de Depoimento sem Dano e que vem sendo estudada pelos conselhos de psicologia em todo o Brasil. Esse ato de prestar um depoimento à Justiça é sempre traumático para a criança, mas é ainda melhor do que ela silenciar sobre a violência da qual foi vítima. Ao contar, vê-se que aquilo teve um efeito sobre ela, é compartilhador. Mas isso deve ser feito com acompanhamento de gente capacitada. Ela não deve fazer isso na frente de um advogado que vai fazer perguntas ríspidas, incutindo culpa nessa criança. Todas essas dicas, estão no livro "Prevenção de Abuso Sexual Infantil: um Enfoque Interdisciplinar", da professora do departamento de psicologia da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Lucia Cavalcanti de Albuquerque Lins e da bolsista e pós-doutoranda Eliane Aparecida Campanha Araújo, que contém importantes esclarecimentos sobre a prevenção desse tipo de abuso. Uma obra recomendada a pais, professores e todas as pessoas que mantém contato com crianças.
Pessoalmente, penso que podemos começar, vestindo nossas crianças como crianças, evitando os apelos sexuais trazidos nas músicas , novelas, filmes, televisão. Monitorando o que nossos filhos procuram na Internet e principalmente sabendo quem são as pessoas com quem se relacionam.
A criança precisa brincar, fantasiar, enfim, ser criança.
Acompanhar de perto, supervisionar, é sempre a melhor prevenção.
Lygia


(Fonte: Agência Estado)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fora de Área (Participação na Blogagem Coletiva Em Defesa da Infância)


Às vezes penso que estou meio “fora de área”...
Houve um tempo que criança era considerada um adulto em miniatura. Havia quase nada direcionado aos pequenos. Os tempos foram mudando, os hábitos das famílias, mas as crianças... Não podiam se manifestar. Responder??? Só “sim senhor”, “não senhor”. Na escola, repetência era sinônimo de castigo, muitas vezes físico. Os meninos após as aulas desde bem novos sempre tinham um trabalho. Ajudavam os pais, entregavam compras ou jornais, limpavam jardins, qualquer coisa. Aprendiam a ser homens. As meninas aprendiam as prendas domésticas. Bordar, cozinhar, costurar. Eram criadas para o casamento.
À tardezinha, ainda faziam as tarefas escolares e depois sim, as brincadeiras na rua, acompanhadas de perto pelos pais, que sentavam na calçada a conversar com os vizinhos.
Havia respeito, cuidado, preocupação. Preocupação em fazer com que esses meninos e meninas fossem pessoas de bem, responsáveis e tivessem suas famílias bem constituídas no futuro. Preocupação com a dignidade e a moral, mais do que com o intelecto, já que continuar os estudos depois do “ginásio” era coisa para poucos e o acesso às informações era restrito ao rádio que nem todos tinham e aos jornais cujas notícias nem sempre eram de última hora. As crianças eram felizes!
O tempo passou, mais mudanças. A liberação sexual, a liberação da mulher, a liberação de tudo. Estudos mostraram que a criança era criança e não um adulto pequeno. A elas foi destinado um arsenal de métodos, leis, sistemas, códigos,estatutos.
Os pequenos trabalhos que os mantinham ocupados e que ensinavam a responsabilidade foram veementemente proibidos.
Lugar de criança é na escola!
Concordo! Tanto que sou professora, quero todas as crianças na escola.
Mas que escola? O que se aprendia no Grupo Escolar, hoje não se aprende no ensino médio. Aqui na minha cidade, quando era ainda uma pequenina cidade, o diretor da escola saía às ruas em véspera de provas e mandava para casa todos os alunos que encontrasse.
E isso com o apoio das famílias.
Bem, muitas coisas existem para se falar nas diferenças entre os tempos. Mas o que causa maior indignação é que quando descobriram a criança como ser pensante, descobriram-na também para muitas outras coisas. Tantas leis para protegê-las e nunca estiveram tão à mercê da violência, do desrespeito. Aí me pergunto... Em que parte do caminho tudo se desviou? Como uma pessoa pode destruir uma criança desse modo? E normalmente pessoa próxima. Pai, tio, vizinho, aquele grande amigo da família... Até o avô!!! Justamente aquelas pessoas que se espera, deveriam amar, cuidar, proteger...
Avô... Neste exato momento, enquanto escrevo, recebo a informação de que aqui, na minha cidade, que já foi pequenina e segura, acaba de ser preso um “avô” com sessenta e seis anos de idade, pedófilo, guarda de uma pista de skate frequentada por crianças e adolescentes que se tornavam suas vítimas. Preso em flagrante, disse tranquilamente aos policiais que não via nada demais em fazer uma coisa assim. Afinal, ele dava doces, dinheiro e brinquedos àquelas crianças, que mal tem? A idade dessas crianças? De dois a quatorze anos e de preferência meninos.
É... acho que estou mesmo fora de área. Não consigo dimensionar o sentimento de indignação que me toma neste momento. Gostaria de poder escrever mais, tanta coisa para se dizer, mas depois dessa notícia, aqui tão perto, as palavras se perdem para os fatos.
Só posso dar aqui o meu grito de socorro pelas nossas crianças!
Lygia

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Encontro...


Há um momento, no qual tudo parece suspenso.
Não existe o tempo, a distância não existe.
É um momento de êxtase, de felicidade completa.
De ternura e carinho.
Palavras não são necessárias.
Basta o olhar e a vida se refaz.
O Universo silencia em respeito a esse instante.
O momento sublime do encontro do Anjo com a alma do Poeta...
(Lygia)
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Madrugada

Há um instante em que se suprimem
Todas as faculdades da alma
Todo o gozo e o pensamento,
Toda a emoção e a metafísica,
Todo e qualquer som de prenúncio,
E toda a vida

E enquanto o universo se reconstrói
Naquele exato instante,
Um nada se desvela em diálogos infindos,
E as mentes, que não mais eram, se entretêm,
Absortas,
Num espaço de silêncio.
(Joeldo Holanda)

sábado, 9 de maio de 2009

Mãe...


Aprendi com meu pai, que já está ao lado dos Anjos, que tudo o que existe, tudo o que acontece, tem dois lados. Nós é que devemos decidir a qual deles dar maior importância.
O lado ruim, que faz sofrer, que revolta muitas vezes, ou o lado bom, que conforta.
Aprendi também a ser crítica e apesar de sempre tentar enxergar o melhor ângulo de cada fato, de cada acontecimento, enxergar também a realidade que está aí, ao alcance do nosso olhar.
Esta é uma semana importante. Comemoramos o dia que, com o Natal, é um dos mais lindos do ano (e um dos mais rentáveis também).
O Dia das Mães!
Linda data. Homenagens, presentes...
Tenho, até por força da profissão, contato com muita gente, muitas mães, e sinceramente não tenho visto muitos motivos para comemorações.
Não vemos mais aquelas mães com o “avental todo sujo de ovo”, como diz a antiga música.
Aquelas mães que deixavam de viver a sua vida para viver as vidas dos seus filhos. E que quando estes cresciam e lhe tomavam essas vidas, muitas vezes perdiam a razão de tudo até que vinham os netos para que voltassem a fazer o almoço de domingo e os bolos de aniversário.
O mundo mudou, as necessidades mudaram, a família mudou. As mulheres mães, tiveram que ir à luta, trabalhar, uma grande parte prover a família, os filhos e assim, o avental, o almoço e os bolos foram substituídos por congelados, fast foods ou até, pasmem, "água com açucar", na falta de qualquer outra coisa para se comer. Nas classes mais pobres, as crianças mais velhas criam as mais novas, e a mãe, quando chega do trabalho quase sempre já é noite, cansada, ainda tem muito a fazer para ter tempo de olhar para os filhos.
E essas mulheres mães, quando percebem, muitas vezes têm em casa uma menina mãe, sem nenhum preparo, nenhuma orientação. E nesse círculo, desta vez a menina mãe se preocupa menos ainda com aquele ser que atrapalha tanto sua vida. Então, acabamos nos deparando com crianças pequenas, com vidas se iniciando e já tão magoadas, tão machucadas pelo desprezo, pelo abandono, pelos maus tratos. Crianças que com os olhinhos assustados e sem entender muito bem, ouvem daquela “Santa”:
- Estou te deixando porque você me incomoda. Não sei onde estava com a cabeça quando deixei você nascer.
E ali têm sua vidinha destruída por aquela que deveria ser sua protetora.
Vemos todos os dias nos noticiários casos de mães que são coniventes com a exploração sexual de suas filhas pelo próprio pai ou padrasto e que muitas vezes culpam a criança por isso. Essas e outras tantas barbaridades que nós não conseguimos nem entender muito bem como podem acontecer.
Mas isso independe de classe social.
Quem já não viu mulheres bem vestidas, com suas crianças lindas e bem cuidadas passeando num Shopping Center de alta classe... E com uma babá a tiracolo? Essa mãe de classe “A” presta tanta atenção aos filhos quanto aquela da favela. Quando percebe, seu lindo garoto virou um marginal de carro importado, achando que pode tudo e em grande parte das vezes, enterrado nas drogas. De quem é a culpa ou a responsabilidade por tudo isso? É um assunto a se refletir e quem sabe discutir em uma outra ocasião.
Sei que não podemos generalizar. Também sou mãe, e é claro que tenho minhas falhas mas sempre procurei fazer o melhor. Tantas existem que mesmo trabalhando, sofrendo, ou tendo uma vida tranqüila e abastada, acompanham de perto e amam seus filhos acima de tudo.
Aqui falamos de amor... Mãe deveria ser a personificação do amor.
Minhas homenagens àquelas que ainda o são. E que trazem o amor e a esperança de um mundo sempre melhor pelo carinho e pela educação de seus filhos.
Um feliz Dia das Mães a todas nós.

Lygia

quarta-feira, 6 de maio de 2009

AINDA O AMOR...


Muito se ouve falar a respeito do amor. Os jovens sonham com sua chegada, idealizando alegrias, romantismo, felicidade...
Alguns o confundem com as paixões violentas e degradantes. Em nome dessa paixão, mentem, magoam, agridem, se desiludem e dizem que o amor acaba. Entretanto, o amor já foi definido como o mais sublime dos sentimentos. É tranquilo e traz paz a quem o vive plenamente. Não é produto de momentos, mas construção trabalhosa e paciente de dias que se multiplicam na escalada do tempo.
O famoso escritor inglês Charles Dickens conta uma história muito conhecida, porém lindíssima, de dois recém-casados que viviam modestamente.
Dividiam as dificuldades e sustentavam-se na afeição pura e profunda que devotavam um ao outro. Não possuíam senão o indispensável, mas cada um era portador de uma herança particular.
O jovem recebera da família um relógio de bolso, que guardava com muito carinho e cuidado. Na verdade não podia usá-lo por não ter uma corrente apropriada.
A esposa recebeu da própria natureza uma herança maravilhosa: lindos cabelos. Cabelos longos, sedosos, que encantavam.
Mantinha-os sempre soltos, embora seu desejo fosse comprar um grande e lindo pente que vira em uma vitrine, em certa ocasião, para prendê-los no alto da cabeça, deixando que as mechas, caíssem até os ombros.
Passava o tempo e os dois sonhavam com esses desejos, sem ousar dizer ao outro, porque o dinheiro que entrava era todo direcionado para as necessidades básicas.
Numa noite de Natal, estando os dois frente a frente, cada um estendeu ao outro, quase que ao mesmo tempo, um delicado embrulho.
Ela insistiu e ele abriu o seu primeiro. Um estranho sorriso surgiu nos lábios do jovem. A esposa acabara de lhe dar a corrente para o relógio.
Segurando aquela preciosidade entre os dedos, foi a vez de ele pedir a ela que abrisse o pacote que ele lhe dera.
Trêmula e emocionada, a esposa logo teve em suas mãos o enorme pente para prender os seus cabelos, enquanto lágrimas lhe rolavam pela face.
Olharam-se e, profundamente emocionados descobriram que ele havia vendido o relógio para comprar o pente e ela, os cabelos, para comprar a corrente do relógio.
Diante da surpresa, deram-se conta do quanto se amavam. Nenhum dos dois pensou em si próprio, mas sim na felicidade do outro.

O amor não é somente um meio, é o fim essencial da vida.
Toda expressão de afeto nos permite a renovação do entusiasmo, da qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro.
O amor tem a capacidade de estimular o organismo e de oferecer reações imunológicas, que trazem resistência para as células, que assim combatem as enfermidades invasoras.
O amor renova as energias esgotadas e é essencial para a preservação da vida.
Por isso, ninguém consegue viver sem amor, puro, verdadeiro, seja qual for sua forma ou sua intensidade.
Lygia

Texto baseado no conto de Charles Dickens e no livro Momentos Enriquecedores de Divaldo Franco.

sábado, 2 de maio de 2009

NEM TUDO É FÁCIL


Eu tenho um sonho...
Mais que isso... Uma necessidade, uma urgência de que esse sonho se realize.
Nos últimos tempos, tenho vivido por isso e para isso. Praticamente tudo o que faço, tudo o que penso tem o foco nessa realização. Mas a vida é caprichosa. Os obstáculos são inúmeros, as dificuldades se multiplicam. Parece que quanto mais eu ando, mais distante se torna o destino.
Penso, faço planos, trabalho muito, vejo outras pessoas conseguindo aquilo que tanto almejo...
Me sinto impotente diante desses caprichos da vida.
Mas de repente me deparo com um poema... Cecilia Meireles... lindo.
E ele me diz para ter fé, para continuar lutando para que meu sonho se torne realidade.
Cecilia era o nome de minha avó paterna... Talvez esteja querendo me mandar seu recado...
Tenho que continuar lutando... Sem perder a esperança, mesmo que nunca consiga.
Desistir desse sonho, seria desistir de mim mesma...


Nem tudo é fácil

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...
Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!