terça-feira, 19 de maio de 2009

Fora de Área (Participação na Blogagem Coletiva Em Defesa da Infância)


Às vezes penso que estou meio “fora de área”...
Houve um tempo que criança era considerada um adulto em miniatura. Havia quase nada direcionado aos pequenos. Os tempos foram mudando, os hábitos das famílias, mas as crianças... Não podiam se manifestar. Responder??? Só “sim senhor”, “não senhor”. Na escola, repetência era sinônimo de castigo, muitas vezes físico. Os meninos após as aulas desde bem novos sempre tinham um trabalho. Ajudavam os pais, entregavam compras ou jornais, limpavam jardins, qualquer coisa. Aprendiam a ser homens. As meninas aprendiam as prendas domésticas. Bordar, cozinhar, costurar. Eram criadas para o casamento.
À tardezinha, ainda faziam as tarefas escolares e depois sim, as brincadeiras na rua, acompanhadas de perto pelos pais, que sentavam na calçada a conversar com os vizinhos.
Havia respeito, cuidado, preocupação. Preocupação em fazer com que esses meninos e meninas fossem pessoas de bem, responsáveis e tivessem suas famílias bem constituídas no futuro. Preocupação com a dignidade e a moral, mais do que com o intelecto, já que continuar os estudos depois do “ginásio” era coisa para poucos e o acesso às informações era restrito ao rádio que nem todos tinham e aos jornais cujas notícias nem sempre eram de última hora. As crianças eram felizes!
O tempo passou, mais mudanças. A liberação sexual, a liberação da mulher, a liberação de tudo. Estudos mostraram que a criança era criança e não um adulto pequeno. A elas foi destinado um arsenal de métodos, leis, sistemas, códigos,estatutos.
Os pequenos trabalhos que os mantinham ocupados e que ensinavam a responsabilidade foram veementemente proibidos.
Lugar de criança é na escola!
Concordo! Tanto que sou professora, quero todas as crianças na escola.
Mas que escola? O que se aprendia no Grupo Escolar, hoje não se aprende no ensino médio. Aqui na minha cidade, quando era ainda uma pequenina cidade, o diretor da escola saía às ruas em véspera de provas e mandava para casa todos os alunos que encontrasse.
E isso com o apoio das famílias.
Bem, muitas coisas existem para se falar nas diferenças entre os tempos. Mas o que causa maior indignação é que quando descobriram a criança como ser pensante, descobriram-na também para muitas outras coisas. Tantas leis para protegê-las e nunca estiveram tão à mercê da violência, do desrespeito. Aí me pergunto... Em que parte do caminho tudo se desviou? Como uma pessoa pode destruir uma criança desse modo? E normalmente pessoa próxima. Pai, tio, vizinho, aquele grande amigo da família... Até o avô!!! Justamente aquelas pessoas que se espera, deveriam amar, cuidar, proteger...
Avô... Neste exato momento, enquanto escrevo, recebo a informação de que aqui, na minha cidade, que já foi pequenina e segura, acaba de ser preso um “avô” com sessenta e seis anos de idade, pedófilo, guarda de uma pista de skate frequentada por crianças e adolescentes que se tornavam suas vítimas. Preso em flagrante, disse tranquilamente aos policiais que não via nada demais em fazer uma coisa assim. Afinal, ele dava doces, dinheiro e brinquedos àquelas crianças, que mal tem? A idade dessas crianças? De dois a quatorze anos e de preferência meninos.
É... acho que estou mesmo fora de área. Não consigo dimensionar o sentimento de indignação que me toma neste momento. Gostaria de poder escrever mais, tanta coisa para se dizer, mas depois dessa notícia, aqui tão perto, as palavras se perdem para os fatos.
Só posso dar aqui o meu grito de socorro pelas nossas crianças!
Lygia

10 comentários:

  1. Olá!
    quando postei uma foto como esta do seu post eu pensei em quantas meninas não têm derramado lágrimas adultas...
    Triste demais...
    Mas apesar disso:
    BOM DIA!!!

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  2. É Lygia, seu desabafo é com certeza o desabafo de milhares de esucadores.

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  3. Oi Elaine!

    Realmente, o olhar triste dessa criança retrata o de muitas. Mas triste é vê-lo de perto...
    Lutamos em defesa desses meninos e meninas que vivem esse drama tão grotesco.
    Mas como disseram vc e Clarice Lispector, "apesar de" se deve viver...
    Obrigada pelo seu comentário.

    Beijos

    Lygia

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  4. Olá Wanderley!
    Sem dúvida, um desabafo dos educadores conscientes, dos pais zelosos e das pessoas de bem. Precisamos fazer alguma coisa. E às vezes nos sentimos impotentes diante desse mar de desrespeito e violência em que se transformou nosso Brasil.

    Prazer em tê-lo aqui.

    Lygia

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  5. Olá Lygia queria te oferecer um selino tá lá no meu blog é só pegar e fazer a brincadeira, espero q goste Bjs

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  6. Oi Nayla!
    Em meio a um tema tão sério como a violência contra a criança, encontrar uma menina como você é uma alegria. É a esperança de um futuro mais iluminado. Obrigada pelo selinho... vou correndo pegar.

    Beijos linda...

    Lygia

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  7. Querida amiga!
    Ler seu texto me fez retornar á infância e pensar que éramos felizes e não sabíamos. Tínhamos uma "liberdade" mesmo que controlada, mas éramos felizes, íamos á escola, brincava, subíamos em árvores e tínhamos atividades o dia todo não passava o tempo de laser sentado jogando vídeo game ou assistindo TV. Toda esta modernidade trouxe mais ociosidade, menos cultura e mais perigos, pois antigamente, já existia pedofilia, mas era um assunto muito restrito e fechado, e poucos casos, agora virou moda, e quanto mais à mídia colocar em voga, mais casos irão aparecer. Realmente me sinto fora de área.
    O seu texto nos faz refletir, não somente para o abuso infantil, mas também o que a nossa sociedade está fazendo com nossas crianças e futuros adultos.
    beijos
    Tania

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  8. Oi, Lygia! passei para avisar que acrescentei seu link à lista de participantes da blogagem coletiva "Em defesa da infância" e quando puder, acesse a lista para saber o que outros blogueiros estão repercutindo. Posteriormente essa lista estará também disponivel também no blogue "Diga não a erotização infantil".

    Boa semana! Beijus

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  9. É verdade Tania... Estamos falando aqui específicamente da pedofilia, mas a violência contra a criança vai por vários caminhos. Acredito sim que existia esse mal antigamente, mas os pais eram muito mais presentes, mais atentos e isso com toda certeza inibia a ação dessas "pessoas". Pena que essas nossas crianças não sabem o que é brincar na rua e subir em árvores livremente e viver com os joelhos esfolados. Hoje, uma parte delas já tem a alma de anjo esfolada pela vida.

    Beijos

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  10. Olá Luma!

    Obrigada pela atenção e parabéns pela iniciativa. Essa é uma maneira de fazermos a nossa parte.

    Beijo

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