quinta-feira, 30 de abril de 2009

NÃO É PROIBIDO

Um dia, depois de ter ouvido muitas vezes que devia ter um blog , disse ao Jô (Joeldo Holanda):
- Imagine, nem sei mexer nesse negócio. Não tenho a menor idéia de como fazer isso!
Ao que ele me respondeu rindo:
- Vá ao alto da página e clique em “Criar um Blog”. Siga as instruções e pronto está feito!
Depois disso ainda relutei muito. Um dia, sem nada pra fazer (difícil isso!) pensei... Vou tentar.
Vou falar do meu amor, de outros amores, sei lá, qualquer coisa, mas que seja de amor.
Eu nem podia imaginar quanto amor iria encontrar por aqui. Quantos amigos, quanto carinho, a oportunidade de ajudar as pessoas, de apoiar alguém quando está caidinho...
E como é gostoso receber os amigos! Como disse à Angel, alguns se tornam tão presentes que temos a impressão de estar ao redor da mesa da cozinha com um belo pedaço de bolo e uma xícara de café feito na hora. Huuuuuuummm... Uma enorme rede de amor.
Anjos então!!!! Tem muitos! Anjos educadores, anjos poetas, anjos da saúde, anjos intelectuais e filósofos. Todos tão queridos...
Descobri que além de escrever e ler coisas lindas podemos dar e receber presentes, flores... Ganhei alguns lindos e até um feito pra mim!
Esta semana foi especial. Tivemos a Ester e a Angel como finalistas de dois concursos. Vitoriosas, é claro! Tivemos a oportunidade de divulgar os trabalhos e ajudar à amiga “Cristal” com o amor imenso por seu filho especial. Além disso, tivemos também o aniversário da Ester, com direito a bolo, balões e tudo. Então, ontem, ouvindo essa música pensei em fazer uma festa! Pra comemorar as vitórias das nossas amigas, o aniversário da Ester e todo esse amor que ganhamos aqui. Nossa nutricionista de plantão e aquelas que estão em RA permanente que me perdoem, mas uma extravaganciazinha de vez em quando “PODE”!!!!! rsrsrsrsr. Nesta festa nada é proibido.
Parabéns e obrigada por tudo! Ah a letra está aí, para que todos cantem e dancem muito!
Lygia


NÃO É PROIBIDO
(Marisa Monte/Dadi/Seu Jorge)
Jujuba, bananada, pipoca,
Cocada, queijadinha, sorvete,
Chiclete, sundae de chocolate
Paçoca, mariola, quindim,
Frumelo, doce de abóbora com coco,
Bala juquinha, algodão doce, manjar
Venha pra cá, venha comigo,
A hora é pra já, não é proibido,
Vou te contar, tá divertido,
Pode chegar
Uh, uh, uh
Vai ser nesse fim de semana,
Manda um e-mail para a Joana vir
Uh, uh, uh
Não precisa bancar bacana,
Fala para o Peixoto chegar aí
Traz todo mundo,
Tá liberado,
É so chegar
Traz toda gente,
Tá convidado,
É pra dançar
Toda tristeza,
Deixa lá fora,
Chega pra cá

domingo, 26 de abril de 2009

"LEÔNIO XANÁS". VOCÊ CONHECE?


Desde criança, depois que um querido professor de Português me mostrou o caminho dos livros e dos sonhos sou um “rato de biblioteca”. No início, lia tudo o que me aparecia pela frente. Com o tempo e a maturidade, fui selecionando o que lia e é claro foram evidenciando-se as preferências. Dentre meus preferidos, está o fino humor crítico de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Retratando as situações e as pessoas de uma forma muito real e divertida, sempre dizendo verdades que as pessoas não gostam de dizer nem de ouvir, mas que aí estão no nosso dia a dia. Há alguns dias, conversando com um amigo pra lá de inteligente e muito querido, lembramos uma crônica de “Lalau”, como era chamado, e resolvi dividir essa delícia com vocês. Bom divertimento! E reflexão também...


"Por fora" de Xanás
Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)


Todo dito popular funciona e ficaria o dito pelo não dito, se os ditos ditos não funcionassem, dito o que, acrescento que há um dito que não funciona, ou melhor dito, é um dito que funciona em parte, uma vez que no setor da ignorância, o dito falha, talvez para confirmar outro velho dito: o do não-há-regra-sem-exceção.
Digo melhor: o dito mal-de-muitos-consolo-é, encerra muita verdade mas falha quando notamos que ignorância é o que não falta pela aí e, no entanto, ninguém gosta de confessar sua ignorância. Logo, pelo menos aí, o dito dito falha. Tenho experiência pessoal quanto à má vontade do próximo para com a própria ignorância, má vontade esta, confirmada diversas vezes em poucos minutos, graças a uma historinha vivida ao lado do escritor Álvaro Moreira, num dia em que fomos almoçar juntos, na cidade. Já não me lembro qual o motivo do almoço.
Lembro-me, isto sim, que íamos caminhando, quando Alvinho disse, em voz alta:
— Leônio Xanás.
— O quê? — perguntei, e Alvinho explicou que Leônio Xanás era o nome do pintor que estava pintando seu apartamento. Até me mostrou um cartãozinho, escrito "Leônio Xanás — Pinturas em Geral — Peça Orçamento".
— Hoje acordei com o nome dele na cabeça. A toda hora digo Leônio Xanás — contava o escritor. — Ainda agorinha, ao entrar no lotação, disse alto "Leônio Xanás" e levei um susto quando o motorista respondeu: "Passa perto". Ele pensou que eu estava perguntando por determinada rua e foi logo dizendo que passa perto, sem ao menos saber que rua era.
Foi aí que nos nasceu a vontade de experimentar a sinceridade do próximo e nos nasceu a certeza de que ninguém gosta de confessar-se ignorante mesmo em relação às coisas mais corriqueiras. Entramos numa farmácia para comprar Alka-Seltzer (pretendíamos tomar vinho no almoço) e Alvinho experimentou de novo, perguntando ao farmacêutico:
— Tem Leônio Xanás?
— Estamos em falta — foi a resposta.
Saímos da farmácia e fomos ao prédio onde tem escritório o editor do Alvinho. No elevador, nova experiência. Desta vez quem perguntou fui eu, dirigindo-me ao cabineiro do elevador:
— Em que andar é o consultório do Dr. Leônio Xanás?
— Ele é médico de quê?
— Das vias urinárias , apressou-se a mentir o amigo, ante a minha titubeada.
_ Então é no sexto andar , garantiu o cara do elevador sem o menor remorso.
E se não tivéssemos saltado no quarto andar por conta própria, teria nos deixado no sexto a procurar um consultório que não existe. E assim foi a coisa. Ninguém foi capaz de dizer que não conhecia nenhum Leônio Xanás ou que não sabia o que era Leônio Xanás. Nem mesmo a gerente de uma loja de roupas, que geralmente são senhoras de comprovada gentileza. Entramos num elegante magazine do centro da cidade para comprar um lenço de seda para presente. Vimos vários, todos bacanérrimos, mas para continuar a pesquisa, indagamos da vendedora:
— Não tem nenhum da marca Leônio Xanás?
A mocinha pediu que esperássemos um momento, foi até lá dentro e voltou com a prestativa senhora gerente. Esta sorriu e quis saber qual era mesmo a marca:
— Leônio Xanás — repeti, com esta impressionante cara-de-pau que Deus me deu.
Madame voltou a sorrir e respondeu:
— Tínhamos, sim, senhor. Mas acabou. Estamos esperando nova remessa.
Foi uma pena não ter. Compramos de outra marca qualquer e fomos almoçar.
Foi um almoço simpático com o velho amigo. Lembro-me que, na hora do vinho, quando o garçom trouxe a carta, Alvinho deu uma olhadela e disse, em tom resoluto:
— Queremos uma garrafa de Leônio Xanás tinto.
O garçom fez uma mesura:
— O senhor vai me perdoar, doutor. Mas eu não aconselho esse vinho.
Devia ser uma questão de safra, daí aconselhar outro:
— O Ferreirinha não serve?
Servia.
É irmãos, mal de muitos consolo é, mas ignorante que existe às pampas, ninguém quer ser.

(Fonte: O Caixote)
Sérgio Marcus Rangel Porto (RJ 11/01/1923 – RJ 30/09/1968) foi um cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, atuando em publicações como as revistas Sombra e Manchete e os jornais Ultima Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca. O personagem Stanislaw Ponte Preta, foi criado em conjunto com o ilustrador Tomás Santa Rosa, inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade, e assinava as crônicas, sátiras e críticas. Sérgio Porto também escreveu musicais para boates, além de compor o Samba do Crioulo Doido para o teatro rebolado. Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência de homem sisudo escondia um intelectual peculiar, capaz de fazer piadas corrosivas contra a ditadura militar e o moralismo social vigente, que fazem parte do FEBEAPA Festival de Besteiras que Assola o Pais, uma de suas maiores criações. Stanislaw Ponte Preta foi um dos maiores cronistas do Brasil. E o Leônio Xanás? Esse com absoluta certeza foi um dos grande escritores do Pais. (Fonte: Wikipédia)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

UM OUTRO DIA



Ela olhou seu corpo... Parecia grande, cansado...
Ficou olhando até que as lágrimas inundaram seus olhos e tornaram aquele corpo uma pequena figura, estranha, bailando em meio às coisas que o rodeavam.
Lentamente ele desapareceu e ela ficou ali olhando, tentando ver o que sabia, não ia ver nunca mais.
Aquela menina passou pulando e rindo e ela nem percebeu, assim como não viu a mulher que a cumprimentou com um enorme sorriso.
Ficou ali e também não viu quando um lindo pássaro veio pousar num galho de árvore bem à sua frente. Não sentiu sequer o calor do sol que batia em seu rosto.
Para ela, existia apenas aquela solidão que a partida dele deixara em seu coração.
Devagar, subiu os degraus. A escada parecia não ter fim. Entrou em casa, fechou a porta e sentou-se. Encolheu as pernas sobre o sofá, cruzou as mãos entre os joelhos e baixou a cabeça num gesto desanimado e triste.
Quanto tempo ficou assim? Não sabia... Devia fazer muito tempo porque a escuridão entrou de mansinho acompanhada pelo frio, envolvendo tudo... cada objeto, cada cantinho, tomando conta daquele ambiente. Depois, o silêncio chegou sorrindo e sentou-se junto dela.
Ficaram ali os quatro, juntos, sem pensar em separação. Um era parte do outro e da companhia de um dependia o bem estar do outro.
Mas de repente, um raio de luz apareceu!
A escuridão respirou fundo e foi deixando a sala devagar. O frio se foi com ela.
Foi então que os raios de sol invadiram aquele cômodo e o silêncio, beijando sua testa, despediu-se quando os carros começaram a passar lá fora.
Aquele lindo pássaro novamente cantou alegre, dizendo que um novo dia começava... A noite ainda demoraria a chegar.
Sim! Tudo seria diferente agora! Era um novo dia e apenas começava! Que bom! Tudo ia ser diferente... Tudo diferente... Diferente...

D.B.C.


A autora deste texto, é uma "garota" de 85 anos de idade e tem como formação, apenas a 4ª série do ensino fundamental (Grupo Escolar, na época). Autorizou a publicação do texto, porém pediu que não fosse divulgado seu nome (morre de vergonha!). Uma pessoa maravilhosa que ainda sonha e mantém a alegria e o romantismo da adolescência.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

SAUDADE (Miguel Falabella)


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo, dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.

Mas o que mais dói é a Saudade...

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.

Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ele para a faculdade mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia todo sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade, é basicamente o não saber...

Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia e se foi na consulta com o dermatologista como havia prometido.

Não saber se ela anda comendo bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada. Se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua preferindo Malzebier; se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se continua cantando tão bem.

Saudade, é não saber mesmo!

Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos. Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento. Não saber como frear as lágrimas diante de uma música. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro e ao mesmo tempo querer... É não querer saber se ele está feliz e ao mesmo tempo perguntar a todos por isso... é não saber se ele está mais magro, se ela está mais bela...

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e que você, provavelmente está sentindo agora, depois que acabou de ler...
Miguel Falabella

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Inclusão???

Este texto foi publicado no Blog da Desirré Poesias, por ocasião da Blogagem Coletiva Pela Inclusão. Uma grande gentileza da minha amiga Tania Zotto. Proporcionou-me a oportunidade de participar do movimento, e de falar um pouco sobre meu trabalho e como me sinto com relação ao tema. Agora, tendo meu próprio espaço, resolvi trazê-lo para cá. Afinal foi minha primeira ousadia pública!!!!! Alguns amigos já leram mas outros poderão fazê-lo desta vez. Obrigada Tania!


Algumas imagens das atividades desenvolvidas no Núcleo Assist. Espírita Edo Mariani
(www.pordentrodonucleo.wordpress.com)
Música: Paz pela Paz (Nando Cordel)

"Conheci o mundo dos bloggers quando meu querido amigo Joeldo Holanda inaugurou a Alfândega do Fim do Mundo.
A partir daí e através dele, viajo diariamente por um Universo de idéias, propostas, poesia e romance, educação, medicina...
Puxa! Nunca pensei em conhecer tanta coisa, em aprender tanto!
Quando me deparei, em visita a alguns deles, com o convite à blogagem coletiva pela inclusão, me entusiasmei, pois essa é a minha vida, a minha rotina diária e seria ótimo conhecer as idéias de tantas pessoas brilhantes acerca do tema.
E não me enganei! Encontrei textos maravilhosos, pontos de vista diferentes, a situação vista de vários ângulos. Gostei tanto que pedi licença à minha amiga Tânia Zotto para postar minha opinião. Desculpem mas não me poderia “excluir” dessa participação, posto que trabalho com crianças em situação de risco e convivo, na verdade, com a exclusão.
Minha visão não é muito diferente, quando se fala, por exemplo, que sempre vemos o rico lutando pelo pobre, o branco lutando pelo negro, as pessoas que se dizem “normais” lutando pelo direito dos portadores de necessidades especiais.
Mas pergunto: Por que não vemos essas pessoas lutando por elas mesmas? E respondo: Porque não interessa, não vale a pena. Dá muito trabalho...
Quando oferecemos cursos profissionalizantes gratuitos, alguns começam, mas logo desistem. – Ah! Tem que acordar muito cedo... Cansa.
Procuramos os pais e a resposta vem como um tapa! “Eu não posso com ele Dona. Deixa... a vida ensina.”
E então perguntamos sobre o futuro, os sonhos, a família. E vem de novo a resposta: A gente não precisa de muito. Tem a bolsa escola, bolsa família, bolsa salgadinho, e até bolsa mesmo de verdade!!!!
É!!! Bolsa!!! O governo de São Paulo distribuiu este ano, uma bolsa com todo o material escolar necessário para todos os alunos da rede. Mas e o ensino a quantas anda?
Mas pra que ensinar? De repente o povo começa a entender as armadilhas e aqueles que fazem as leis para eliminar a pobreza acabam perdendo a galinha dos ovos de ouro. Continuamos na escravidão pela ignorância. Isso é bom!
É preciso ensinar sim... É preciso suprir necessidades sim... Mas também é preciso fazer entender que inclusão é sinônimo de cidadania. E cidadania é um conjunto de direitos e deveres. Enquanto houver o assistencialismo, unicamente objetivando as eleições, enquanto não se cobrar deveres, enquanto tudo vier graciosamente, não teremos verdadeiramente a inclusão, por mais que lutemos por isso."

Lygia

domingo, 12 de abril de 2009


Desenho-te na memória, com as imagens que tenho. Junto com tantas outras coisas, como o primeiro livro que li. Não sei por que, mas vejo alguma ligação entre aquele livro e essa história que vivo. Talvez a carga de sentimento... Não sei... Mas da mesma forma que não esqueço aquela leitura de quase criança, não esqueço teu rosto, teu olhar. Foi lendo aquele livro que aprendi a gostar de ler. Foi olhando nos teus olhos que aprendi o amor sem condições. Hoje, depois de tempo, ainda sou capaz de descrever as cenas que imaginei correndo meus olhos por aquelas páginas e que apesar de saber tratar-se apenas de uma história, sonhei, ri e chorei, acreditei ser real. Depois de tempo sou ainda capaz de descrever teu rosto, de vê-lo desenhado entre as nuvens de um por de sol, de tocá-lo nos encontros com o anjo, na madrugada. E apesar de sabê-lo um sonho lindo, também acredito ser real. A cada dia, mais coisas descubro de que sou capaz por esse amor. A mais difícil... esperar... Esperar sempre, com a força, a garra, a mansidão, a fidelidade e o aconchego de um felino. Silenciosamente, como uma sombra por trás de um muro. Mas um muro de vidro através do qual posso vê-lo chegar... E assim, mais uma vez, reiniciar a tarde. Aquela tarde em que sempre te amei...
Lygia

sábado, 11 de abril de 2009

DESPERTAR


Hoje acordei com os primeiros raios de sol do novo dia batendo suavemente no meu rosto. Os pássaros da manhã cantavam alegremente. Um despertar digno de um filme dos mais românticos. Lindo...
Teria sido assim mesmo, não fosse a maneira como fui despertada. Pedradas na minha janela e muitos gritos na rua. Claro que foi um enorme susto!
Levantei-me e ao verificar o que estava havendo, me deparei com um grupo de jovens, todos com latinhas de cerveja nas mãos (às seis da manhã!) voltando da “balada”.
Eles riam alto e gritavam como loucos e as pedras eram jogadas em todas as janelas. Por mais que eu tente, não conseguirei descrever com precisão o caos em que se transformou esse final de madrugada.
Minha mãe, com 85 anos de idade e com o Alzheimer já em fase avançada, também teve sua janela apedrejada e acordou aos prantos como um bebê, pedindo socorro. Todos os cães da vizinhança se puseram a latir. As pessoas saíram à rua. Realmente uma enorme confusão. Agora, enquanto escrevo acho até engraçado.
Passado o tumulto, tudo calmo e me pus a pensar. Espera aí! Hoje é sexta-feira Santa! Lembrei-me então de quando conhecia um Deus muito bravo que tudo via (as coisa erradas é claro!) e a tudo castigava e que neste dia estava muito triste, pois há muitos anos atrás tinham assassinado seu Filho. E então o máximo que se podia fazer, era o almoço sem nenhum vestígio de carne (até hoje tenho certeza de que peixe também é carne). Nada mais. Não havia trabalho de nenhuma espécie. Tudo o que se fizesse nesse dia era “pecado”. Música então! Nem pensar! Na madrugada o que se fazia era ir à Igreja “guardar Jesus morto”. Os Santos eram cobertos com um tecido roxo e havia quem chorasse sobre a imagem inerte. É claro que os adolescentes odiavam esse dia. Que dia perdido! Mas por outro lado, esperavam ansiosamente o sábado. Aleluia !!!!! Depois de quarenta dias sem poder fazer quase nada e de uma sexta-feira completamente parada, um dia inteiro de festa! À noite o baile. Um dos mais importantes do ano. Roupa nova. A espera para encontrar aquela pessoa especial e dançar. Dançar juntinho. Tudo tão inocente, romântico.
O tempo passou e conheci o outro lado desse Deus que haviam me apresentado. Uma espécie de “avô” que ao invés de castigar, nos pega no colo e nos alenta. E perdoa sempre.
Foi esse lado que apresentei aos meus filhos. Mas também procurei dar a eles uma formação moral. Do respeito pelo próximo e por si próprio. Independente de crença ou proibições da Igreja ou de quem quer que fosse.
Observando esses garotos, tão alterados, pensei nas atrocidades que vemos diariamente acontecendo. Filhos que matam pais e vice versa. Irmãos se degladiando por motivos absurdos. Crianças sendo abusadas de todas as formas, roubos, sequestros, mortes, suicídios. Será que isso é a falta das ameaças do castigo Divino? Ou são os pais que se esqueceram do detalhe que os filhos seriam adultos um dia e que teriam que viver em sociedade e que para isso um mínimo de moral e de respeito é fundamental?
Hoje é Sexta–Feira Santa. Muitas lojas abriram suas portas, muita gente aproveitou o feriado e fez um churrasquinho e alguns poucos fiéis foram à Igreja velar a imagem de Jesus morto. O sábado será como qualquer outro. O baile? Não existe mais... Mesmo porque já não é necessário dançar juntinho para ficar perto de alguém.
A Páscoa é sinônimo de renascimento. Ressurreição para os católicos. Mas independente de religiões, esperemos que algo aconteça , que nosso mundo possa despertar e se livrar dessa violência, desse desrespeito, dessas coisas tão tristes das quais somos espectadores todos os dias.
Feliz Páscoa a todos!

Lygia

quarta-feira, 8 de abril de 2009

FELICIDADE


Se alguém lhe fizesse a seguinte pergunta: O que lhe faz feliz?

Qual seria a sua resposta?

Desde as épocas mais remotas, o homem sempre se destacou pelo seu poder de imaginação, pela sua criatividade. E através dela, seus inventos ganharam a “história”. A descoberta do fogo, a invenção da roda, o aprimoramento das armas. E tudo se transformou, e se melhorou até os dias atuais. Conforme a Astronomia, o “mundo” teria nascido há mais ou menos 15 bilhões de anos, através de um evento conhecido como Big Bang, ou seja, segundo alguns estudiosos o que chamamos de Universo teria surgido através de uma grande explosão. Mesmo que os cálculos desses pesquisadores estejam de acordo, esse instante fixado no calendário cósmico nos ajuda apenas a entender a evolução do Cosmos até hoje. Mas não nos ajuda em nada, a resolver perguntas importantes como: De onde surgiu tudo isso? Se houve realmente uma grande explosão quem apertou o detonador? Seria Deus mais um invento?
Deus está presente em nossos pensamentos, mas na verdade, o usamos para responder a essas e outras tantas perguntas sem respostas. Para algumas pessoas, Deus não passa de uma ideia. Ideia essa aliás, muito distante das preocupações do seu dia a dia como comer, beber, dormir, vestir e reproduzir. Para estas pessoas tanto faz, elas nem creem e nem tampouco descreem em Deus. Apenas expressam uma espécie de crença cultural, ou seja, se todos creem também vou crer. Assim, procuram o templo religioso nos finais de semana apenas para cumprir a sua obrigação social. Mas quando há um infortúnio, como as perdas ou as decepções, mudam radicalmente suas atitudes. A crença Psicológica busca Deus para sanar as questões imediatas. Deus torna-se apenas um amuleto para dar conta das sensações de abandono. Sim, porque a falta de dinheiro, as decepções amorosas e as dificuldades do dia a dia, nos deixam com esta sensação. E quando as pessoas se perdem em suas crenças, elas se prendem a rituais e a outros talismãs. Esquecem os ensinamentos de Jesus e agarram-se às ferraduras da sorte. Atribuem mesmo à sorte, todo o sucesso que poderiam alcançar. Dizem acreditar em Jesus, em Deus, mas para garantir não deixam de carregar um pezinho de coelho, na porta da casa há sempre vasos de “comigo ninguém pode”, para espantar os “maus espíritos” (imagine só, se um espírito ruim iria se importar com uma planta!), tomam banhos de sal grosso, acendem incensos para purificar o ambiente (como se uma oração não bastasse), jogam imagens quebradas de santos nos cruzeiros, emporcalhando a cidade. De gato preto? Passam bem longe! Pela escada aberta não se arriscam! Não saem de casa sem consultar o horóscopo e recompõem as energias com uma pirâmide de cristal. É certo que cada um tem o direito de crer e agir como quiser. Nessas questões o certo e o errado não existem. Porém algumas pessoas creem em Deus, de uma forma frágil, como um castelo de areia na beira do mar, onde qualquer onda pode derrubá-lo. É mais fácil agarrar-se às coisas da terra, do que às coisas do “céu”. Precisamos abandonar a nossa insistência de construir tesouros físicos, terrenos e nos aprimorar na construção de tesouros morais. Bens supérfluos, riquezas improdutivas, a posse egoísta, a falta de desprendimento e as atitudes puramente materialistas, não são tesouros de verdade. Definitivamente estes não são os tesouros que devemos cultivar, porque estas “máscaras” o tempo transforma inevitavelmente. Por outro lado, não basta apenas viver da fé, acreditando ser esta suficiente para prover as nossas necessidades de comer, beber, vestir, etc. Lógico que ela nos auxilia e nos anima, ajudando-nos a encontrar os meios de atingir os nossos objetivos. Mas é fundamental a disposição para o trabalho e empenho na busca daquilo que precisamos.

...“Fé sem obras é como lampião sem lume, a fé se materializa através do trabalho edificante”...

A providência divina, sempre nos dota daquilo que precisamos, nos inspirando, nos iluminando o caminho, concedendo-nos a inteligência e a saúde. É preciso que nos abasteçamos de tesouros como a paciência, o desapego, o respeito. De lucidez, coragem, de muito conhecimento, de compaixão, criatividade, de generosidade e alegria, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, sempre. Assim, passaremos da Crença Psicológica, para a Crença Filosófica, que nos permite compreender de forma racional, o porquê das coisas e não apenas desejarmos o consolo dos males que passamos. É necessário que optemos sempre pelo sorriso. Se você ainda está preso aos rituais e amuletos, pare por alguns instantes e reflita. Quando o homem adquire tudo o que poderia comprar, ele perde o incentivo, a sua vida perde o sentido. Devemos aprender a simplificar a vida, sonhar com as coisas sim, mas não sermos escravos delas. Afinal, a suprema felicidade consiste numa satisfação íntima. Cada um tira de si mesmo, o princípio de sua felicidade ou de sua adversidade. Em qualquer aspecto da vida, procuremos encontrar as emoções escondidas dentro de nós mesmos, prendendo-nos apenas no amor, pois ele é fonte inesgotável de felicidade.

Lygia


(Texto inspirado na obra “Transcender” de Plínio Oliveira)

terça-feira, 7 de abril de 2009

CERTEZA...

As provas da ligação da nossa alma com a de outra pessoa vêm das mais diversas formas. Uma foto, um cheiro, um sonho... Uma das muitas provas da minha ligação profunda com o meu amor, me foi mostrada através desta música.
Uma noite de festa. Todos se divertindo muito e meu coração apertado pela saudade que o tempo e a grande distância física me faziam sentir.
De repente, alguém diz:
"-Lygia! Essa música é prá você! Prá adoçar seu coração!"
A emoção foi enorme, me levou às lágrimas. Ninguém entendeu, mas eu tive a certeza de que ele estava comigo. Esse foi o recado. Essa foi a prova.





Anjo
(Renato Correa - Dalto - Claudio Rabelo)

Se você vê estrelas demais
Lembre que um sonho não volta atrás
Chega perto e diz "Anjo"
Se você sente o corpo colar
Solte o seu medo bem devagar
Chega perto e diz "Anjo"
Bem mais perto e diz "Anjo"
Se uma coisa louca
Sai do seu olhar
Fique em silêncio
Deixa o amor entrar
Pra que tanta pressa de chegar
Se eu sei o jeito e o lugar
Se eu sei o jeito e o lugar

domingo, 5 de abril de 2009

ANJO


Hoje eu acordei mais cedo
Fiquei te olhando dormir
Imaginei algum suposto medo
Para que tão logo pudesse te cobrir.
Tenho cuidado de você todo esse tempo,
Você está sob meu abraço e minha proteção.
Tenho visto você errar e crescer, amar e voar,
Você sabe onde pousar.
Ao acordar, já terei partido,
Ficarei de longe escondida,
Mas sempre perto, decerto,
como se eu fosse humana, viva
Vivendo prá te cuidar, te proteger,
Sem você me ver,
Sem saber quem sou.
Se sou Anjo
Ou se sou seu amor...

(Saulo Fernandes)

AMOR




Eu tenho um amor....

Um amor do jeitinho que todo mundo gostaria de ter. Amigo, confidente, às vezes pai, irmão. Conversamos muito, rimos juntos, descobrimos coisas. Nossa! Como eu aprendo com ele! Somos cúmplices nesse amor. Um amor como poucos... Sem condições impostas, sem posse, sem senões... Um amor incondicional e imenso que vive sob a supervisão de uma legião de Anjos.
Eu não tenho o dom de escrever como tanta gente... Mas numa dessas longas conversas e depois de mais uma de nossas descobertas, percebi que tenho tantas coisas guardadas sobre o amor e sobre os Anjos, que poderia compartilhar com as pessoas, mesmo que não tivesse sido eu a escrever.
O amor em todas as formas. Os anjos de todas as cores.
Um lugar pra sossegar a Alma...


Lygia